Sempre que escrevemos um artigo deste tipo e temos de selecionar um número limitado de ferramentas, temos dificuldades em decidir quais são as mais importantes.
Talvez por isso, e porque ficamos com vontade de mais, decidimos escrever outro pequeno artigo onde selecionamos algumas ferramentas adicionais que podem ajudar a melhorar o seu dia a dia. Pode crer que não será o último, porque existem tantas ferramentas úteis que podem ajudar-nos no nosso trabalho…
Hoje não vamos falar apenas de pequenas ferramentas externas que podemos instalar ou executar no Windows, mas também de duas ferramentas nativas da Microsoft que podemos usar em máquinas clientes e servidores. Uma delas serve para gerar utilizadores, serviços (até mesmo alguns serviços GNU/Linux), enquanto a outro ajuda-nos a proteger os nossos ativos.
Hoje, escolhemos as seguintes ferramentas:
- FileZilla e WinSCP para trabalhar com FTP.
- CloneZilla para fazer cópias e clones.
- Bitlocker.
- PuTTY para conectar via consola com sistemas remotos.
- PowerShell e PowerShell ISE.
Vamos lá!
FileZilla e WinSCP:
Muitas vezes, os administradores de sistemas, que seja de Windows, UNIX ou mesmo de redes, precisam de utilizar servidores de transferência de arquivos (FTP), por isso é mais do que desejável ter pelo menos uma ferramenta que permita fazer conexões, downloads e uploads de arquivos sem maiores complicações.
É por isso que pensamos em falar sobre estas duas ferramentas (sim, sabemos que é uma espécie de batota, mas vamos contá-las como uma) que oferecem a possibilidade de trabalhar mais confortavelmente com FTP.
Mas, porque é que selecionamos duas em vez de uma? Bem, a resposta aqui é dupla: por um lado, somos malvados, e por outro lado, é porque há gente que odeia uma das ferramentas e outros que odeiam a outra, e honestamente, no meu caso, eu uso as duas, para poder trabalhar sem problemas em qualquer situação.
FileZilla permite trabalhar com servidores FTP e SFTP (Secure FTP) com um consola de trabalho muito semelhante ao Windows Explorer, o que facilita muito o nosso trabalho, pois podemos abstrair-nos da complexidade dos comandos FTP. Para além disso, permite guardar sessões, para que não tenhamos de abri-las manualmente sempre que necessitarmos, mas podemos guardá-las e usá-las facilmente.
Imagem. Consola de FileZilla sem conexões ativas
Para quem não é tão fã do FileZilla, sugerimos o uso do WinSCP, uma ferramenta baseada em software livre e cuja finalidade é fornecer ao utilizador uma ferramenta simples e visual para trabalhar com SFTP, ou seja, o mesmo que o FileZilla.
Pessoalmente, o que acho interessante nesta ferramenta é a disponibilidade de tarefas agendadas com base em scripts, permitindo lançar tarefas periódicas, além de tarefas de sincronização, que permitem estabelecer que o programa está sempre a monitorizar uma pasta e a sincronizar o conteúdo para outra pasta, carregando atualizações de quaisquer alterações que possam ocorrer.
Claro que também é de grande interesse ter o WinSCP como ferramente de backup, porque é preciso ter um plano B quando a ferramenta principal falha.
Imagem. Exemplo de uso de WinSCP
CloneZilla:
CloneZilla é uma ferramenta que, como o próprio nome sugere, foi projetada para clonar discos e partições. Isto permite trabalhar rapidamente na implementação de computadores, clonando-os. Além de fazer backups ou realizar migrações de sistema.
CloneZilla pode ser descarregado em vários formatos que se adaptam às nossas necessidades: Temos o CloneZilla Lite Server e o CloneZilla Server Edition (SE) e, claro, a distribuição CloneZilla Live, que é a que geralmente encontramos entre os kits de ferramentas dos técnicos de sistemas.
CloneZilla SE permite trabalhar com muitas máquinas simultaneamente, pois é um servidor, mas na operação diária, certamente iremos trabalhar com a versão Live.
O Clonezilla, aliás, funciona de forma muito semelhante em todas as suas versões, fazendo a cópia dos blocos em uso, o que permite backups mais leves do que a origem. Desta forma, o espaço e o tempo de execução da cópia são otimizados.
Outra recomendação poderia ser o Acronis, uma ferramenta que pode ser muito útil para o nosso dia-a-dia, especialmente no caso de atualizações ou migrações, pois é um software projetado para fazer cópias de segurança de maneira simples e capaz de operar em muitos sistemas de arquivos (Fat16/32, exFAT, NTFS, Ext2, Ext3, Ext4, ReiserFS(3), HFS+/HFSX, APSF) e muitos sistemas operativos (Windows 11, Windows 10, Windows 8.1/8 , Windows 7, MacOS 10.13 a MacOS 12, IoS 11 e Android 6.0).
Infelizmente, este software não é grátis, por isso foi descartado da nossa lista.
Bitlocker:
Os ambientes são cada vez mais inseguros e a proteção de dados deve ser prioridade para qualquer membro do departamento de tecnologias da informação e, em princípio, para qualquer trabalhador das empresas.
Bitlocker fornece encriptação de unidades de disco como um recurso de proteção de dados. Está integrado no sistema operativo e está disponível nativamente no Windows 10, no Windows 11 e em todas as versões atuais de servidor.
Desta forma, resolve a ameaça da exposição de dados de equipamentos perdidos ou roubados, mas também nos casos em que um computador é enviado para reciclagem sem se ter apagado previamente a informação.
Bitlocker aproveita a funcionalidade do TPM (Trusted Platform Module) para criptografar as informações do disco e torná-las inacessíveis para quem não tenha a chave.
Os sistemas operativos atuais permitem criptografaras unidades adicionais e a unidade de inicialização do sistema operativo, protegendo assim todos os dados, sem exceção.
Sendo uma ferramenta nativa do sistema operativo, para ativá-la, basta clicar numa unidade e selecionar a opção Ativar Bitlocker.
NOTA:Deve-se sempre ter cuidado para guardar a password, pois, em princípio, um disco criptografado com Bitlocker é irrecuperável se a senha não estiver disponível.
O seu uso é realmente simples e permite a ativação, através de políticas de grupo (GPO), o que, por sua vez, permite que seja gerido de forma central pelo administrador da organização.
Imagem. Bitlocker num computador corporativo, gestão depende do administrador da empresa
PuTTy:
Neste ponto, sugerimos o uso do PuTTy, um velho conhecido dos administradores de sistemas que têm de lidar com sistemas de vários tipos. Permite fazer conexões remotas a partir do nosso computador Windows e conectar dispositivos tão diversos como gabinetes de armazenamento, routers, switches e outros equipamentos de comunicação e sistemas GNU/Linu ou UNIX. Para isso, possui vários modos de conexão: Telnet, SSH, Serial, RLoging ou Raw, cobrindo assim a maioria dos dispositivos do mercado.
Um ponto que me parece de extrema valia no caso do PuTTY, é a possibilidade de definir que os logs de todas as intervenções feitas sejam guardados, para poder analisá-los posteriormente, documentá-los, fazer manuais, etc.
Neste caso, poderíamos ter recomendado uma ferramenta como “MoobaXterm“, que é uma opção mais moderna que o PuTTy, mas tem uma desvantagem de que pessoalmente não gostamos: tem uma versão gratuita limitada e uma versão paga, com um pagamento único de 49€, que permite o acesso a todas as funcionalidades e atualizações durante 12 meses. É possível que no futuro falemos sobre essa ferramenta, mas neste momento é descartada em favor do PuTTy.
Imagem. Consola de configuração de PuTTy
PowerShell e PowerShell ISE:
A última ferramenta que decidimos selecionar nesta ocasião é o PowerShell, embora, por extensão, também iremos falar do PowerShell ISE. O PowerShell é um interpretador de comandos, que veio para reformar o command (cmd) de longa duração do Windows. Ou seja, um interpretador de comandos através do qual se podem realizar todo o tipo de tarefas administrativas, tanto para os nossos sistemas operativos Microsoft, como para gerir diferentes serviços Microsoft (desde AD DS, Exchange ou System Center).
Mas não é apenas um interpretador de comandos, é também uma poderosa linguagem de script que nos permite automatizar registos de utilizadores, implementações de infraestrutura, migrações, etc.
O poder do PowerShell vem da sua família, pois está relacionado com o framework .NET, e é essa relação que nos permite trabalhar com objetos, o que nos dá possibilidades quase ilimitadas.
Uma das coisas de que mais gostamos no PowerShell é que nos permite implementar serviços e sistemas, e até infraestruturas completas, usando scripts que, em muitos casos, podemos encontrar quase prontos em milhares de repositórios do GitHub.
Por fim, é importante referir que dentro do PowerShell, temos 2 consolas diferentes: o próprio PowerShell, que geralmente é usado para execuções de comandos, operações administrativas e execuções simples; o PowerShell ISE, um IDE de desenvolvimento voltado para administradores de sistemas que precisam de algo mais poderoso, que lhes forneça recursos como autocompletar comandos, um dicionário de linguagem no qual podem pesquisar o que precisam para continuar, ajuda e uma consola de execução passo a passo, para poder depurar erros.
Imagem. Ambiente de PowerShell ISE com uma consulta sobre serviços ativos
Como podem ver, nesta ocasião abrimos um pouco as opções e, de facto, oferecemos ferramentas de substituição caso a primeira não seja totalmente convincente.
Já é o segundo artigo que publicamos sobre isto, e garantimos que não será o último, porque ainda temos muitas ferramentas em estudo, e também porque acreditamos que estes artigos podem ajudar a simplificar a escolha de ferramentas.
Por outro lado, vamos começar a fazer pequenos artigos onde falaremos mais detalhadamente sobre algumas dessas ferramentas, começando com PuTTy e PowerShell.
Obrigado por acompanhar-nos!