Em 2023, as empresas de TI continuam a vender hardware, a construir servidores físicos e a oferecer serviços on-premise, mas será que conhecem realmente o preço dos servidores físicos? A nuvem, em muitos casos, continua a ser uma opção secundária entre a oferta de serviços a pequenas e médias empresas. O típico argumento para continuar a fazer o mesmo de sempre é a eficiência de custos, o clássico “ainda me compensa vender servidores físicos”… Mas, será que alguém já fez o exercício comparativo? Sabemos realmente o que significa continuar a vender serviços no local? Conhecemos as implicações reais desta opção para as empresas de TI, para os negócios e para os resultados anuais?
Na Jotelulu tivemos a coragem de analisar os gastos, tendo em conta todos os fatores e atividades que envolvem a opção pela venda de soluções on-premise. Estes são os itens analisados e que devem ser considerados no momento de avaliar se vale a pena continuar a usar ambientes físicos:
- Custo do hardware.
- Serviços de implementação e arranque.
- Custo mensal associado à manutenção do ambiente on-premise.
- Custo das visitas (veículos e deslocações).
A ideia da análise é realizar um exercício de custos reais com projeção para 5 anos 📊 (período de amortização do servidor) que nos permita perceber e avaliar o que significa manter um modelo de negócio baseado na venda de hardware, para poder compará-lo com possíveis alternativas, como a cloud. Vamos a isso!
Análise do custo de ambientes locais
Custo do próprio hardware.
Se vende serviços on-premise, está “preso” à compra de hardware. O preço dos servidores físicos varia muito, dependendo do tipo e dos recursos do servidor. As margens são geralmente estáveis e na casa dos 10%. O lucro real na venda da infraestrutura física geralmente é obtido pelo fabricante e pelo distribuidor. Ganha-se pouco e cada vez menos com a venda do material, com uma concorrência de preços tão forte.
- Custo da compra de hardware > 9.000 € (uma só vez)
- Servidor HP Compaq Proliant ML30
- Licenças Windows Server 2019
- Licenças CAL Server / Terminal Server
- UPS
- NAS [Cópias de Segurança] + Discos rígidos
- Firewall Físico (SMB)
- Antivírus [ad 360]
Custo de implementação e arranque.
Devemos ter sempre em consideração o custo de iniciar o serviço. O setup e configuração inicial de qualquer ambiente exigem tempo e dedicação. Os ambientes físicos não são exceção! Hardware, redes, firewalls, backups, sistema operativo, virtualização, aplicações… A lista é longa, por isso uma estimativa de 40 horas de trabalho é uma boa aproximação.
- Arranque > 40 h x 20 €/h = 800 € (uma só vez)
Custo mensal associado ao Serviço de Apoio.
Gerir e manter serviços no local não é fácil. Infraestrutura, virtualização, redes, sistemas operativos, aplicações, firewalls, cópias de segurança… São infinitas variáveis para configurar e manter numa infraestrutura física. Pode-se afirmar que um ambiente local padrão requer em média 10 horas por mês de manutenção, gestão, atualização e configuração para se manter operacional e atualizado.
- Suporte e Manutenção > 10 h/mês x 20 €/h = 200 €/mês por cliente.
Custo mensal das visitas (veículos e deslocações).
Infraestrutura física significa deslocamentos. Qual é o custo para a empresa de TI? Qual é o custo mensal de dois veículos para atender 100 clientes com servidores físicos nas suas instalações se os visitarmos apenas uma vez por mês? Fizemos as contas:
Custo de uma frota pequena (x2):
- Renting: 350 €/mês x 2 veículos = 700 €/mês.
- Seguros: 65 €/mês x 2 veículos = 130 €/mês.
- Combustível: 275 €/mês x 2 veículos = 550 €/mês.
- Manutenção: 35 €/mês x 2 veículos = 70 €/mês.
Posto isto, podemos concluir que ter duas viaturas para deslocações representa cerca de 1.450 €/mês. Se tiver uma carteira de 100 clientes e os visitar em média uma vez por mês:
Custo de veículo por cliente > 1.450 €/mês / 100 clientes = 14,5 €/mês por cliente.
Custo das deslocações:
Mas não ficamos por aqui. O tempo gasto por cada técnico em deslocamentos (ida e volta, estacionamento, etc.) também deve ser contabilizado. Em média, não é absurdo dizer que as viagens podem demorar cerca de 45 minutos por cliente.
Custo das deslocações do técnico > 45 minutos/mês cliente x 20 €/h = 15 €/mês por cliente.
Assim sendo, podemos obter uma estimativa bastante precisa do custo mensal das deslocações por cliente.
- Custo mensal das visitas por cliente > 14,5 €/mês + 15 €/mês = 30 €/mês por cliente.
CUSTO TOTAL > Projeção do custo para 5 anos.
Qual é o custo real de um servidor físico a longo prazo? Para realizar o cálculo, é razoável estabelecer a vida média, o período de amortização ou o ciclo de renovação de um servidor físico em 5 anos. Com a referência de cinco anos para fazer o cálculo, é possível projetar o preço dos servidores físicos para uma empresa de TI padrão.
Projeção para 5 anos:
- Compra do hardware (9.000€)
- Custo do arranque (800€)
- Custo de manutenção de hardware físico por 5 anos (200 €/mês x 60 meses = 12.000 €)
- Custo associado a visitas durante 5 anos (30 €/mês x 60 meses = 1.800 €)
Conforme constatado pela análise efetuada, o custo da infraestrutura física para os clientes numa projeção para 5 anos ronda os 23.600 € aproximadamente, com as tarefas de manutenção a ocuparem o lugar de item mais caro.
Isto é muito ou pouco? A única forma de o saber é comparar com uma alternativa… Vamos continuar com o exercício.
Comparação do custo com alternativas, como a cloud
Até há bem pouco tempo, a única forma de oferecer serviços de TI às PMEs era através da compra de servidores físicos. O modelo de negócio baseado no on-premise foi, durante os últimos 40 anos, o único modelo possível, por isso nem se imaginavam alternativas de menor custo. Isto mudou, já que com a chegada da nuvem abre-se uma nova forma de entender a venda e o suporte dos serviços informáticos. Isto dá origem à possibilidade de fazer comparações em diferentes termos: usabilidade, flexibilidade, acesso, custos…
Posto isto, o que acontece se replicarmos o exercício anterior para um ambiente cloud? Qual é o melhor modelo de negócios em termos de custos? O preço dos servidores físicos continua a valer a pena? Vamos ver o que os dados nos dizem.
Contratação de serviços cloud.
Vender serviços cloud é outra coisa. Um ambiente cloud típico (comparável com o servidor físico mencionado na secção anterior) para 8-10 utilizadores de uma PME, onde se podem instalar aplicações corporativas e guardar ficheiros (250GB) custa cerca de 180 €/mês para uma empresa de TI com fornecedores como a Jotelulu. Trata-se de um custo mensal em vez de um pagamento único, e dependendo do serviço, o preço inclui tudo o que está relacionado com a instalação e manutenção da infraestrutura, virtualização, redes, armazenamento… Isto elimina a necessidade de perfis especializados.
- Custo dos serviços cloud (Desktop Remoto 8 pax. + Armazenamento (250GB) > 178 €/mês
Custo de implementação e arranque.
Infraestrutura, virtualização, redes, sistema operativo, firewall, backups… Geralmente, os ambientes na nuvem cobrem grande parte da instalação e configuração essenciais, o que poupa muito tempo de trabalho técnico nos processos associados ao arranque dos serviços. Uma estimativa de 15 horas de trabalho técnico é uma boa aproximação para calcular o custo de implementação e arranque do serviço de TI, quando se trata de serviços cloud.
- Arranque > 15 h x 20 €/h = 300 € (uma só vez)
Custo mensal associado ao Serviço de Apoio.
O suporte associado a serviços cloud não é comparável com a gestão e manutenção de serviços on-premise. O suporte em ambientes na nuvem é fundamentalmente focado na gestão de aplicações e dados, deixando de lado tudo o que está relacionado com a infraestrutura, redes, servidores e até o sistema operativo. Desta forma, pode-se afirmar que a manutenção é reduzida para uma média de 5 horas por mês.
- Suporte e Manutenção > 5 h/mês x 20 €/h = 100 €/mês por cliente.
Custo mensal das visitas (veículos e deslocações).
O suporte para ambientes cloud é 100% remoto. Uma das grandes vantagens da cloud é que permite uma mudança radical na forma como são geridos os incidentes, o que evita não só o tempo de deslocação, mas também os custos associados a uma frota de viaturas.
- Custo mensal das visitas por cliente > 0 €/mês por cliente.
CUSTO TOTAL > Projeção do custo para 5 anos.
Qual é o custo real dos serviços cloud a longo prazo? Tendo como referência os 5 anos usados para os cálculos, um ambiente na nuvem padrão (comparável em funcionalidades e uso ao ambiente físico analisado) representa os seguintes custos para uma empresa de TI:
Projeção para 5 anos:
- Contratação de serviços cloud (178 €/mês x 60 meses = custo do hardware (10.680€)
- Custo do arranque (300€)
- Custo de manutenção durante 5 anos (100 €/mês x 60 meses = 6.000€)
- Custo associado a visitas durante 5 anos (0€)
Assim, o custo de um ambiente cloud (equivalente à infraestrutura física analisada) numa projeção de 5 anos ronda os 17.000 €, aproximadamente, sendo o próprio serviço cloud o item mais importante em termos de custos.
Conclusões 💡
Fizemos o exercício. Comparámos o custo de duas abordagens diferentes para venda de serviços de TI: cloud versus on-premise. E a conclusão é clara: o preço dos servidores físicos não é necessariamente uma vantagem.
A comparação realizada mostra como um modelo de negócio baseado no on-premise acarreta custos (viagens, veículos…) que não existem quando se opta pela comercialização de serviços na nuvem ao invés de servidores físicos. A isso devemos somar a dedicação em tempo, esforço e especialização. Todas estas variáveis têm um grande impacto no custo final a longo prazo (projeção de 5 anos).
Assim, ao fazer uma projeção de 5 anos, a diferença é nítida. A instalação e manutenção de um servidor físico custa até 6.600 € mais do que a instalação do mesmo serviço como ambiente cloud (23.600 € vs. 16.980 €).
Talvez seja boa ideia pensar no assunto.